10/05/2014

CHIBO NAZOLINO

Cova da Moura.
Fiz este desenho sentado num degrau de entrada de uma casa, daquelas construídas sem ordem e pintadas de cores berrantes, encantadoras como as gentes que se cruzaram connosco durante a tarde. Fi-lo sempre com a companhia da Amélia, uma ex-toxicodependente de 45 anos, agora no tratamento da metadona depois de uma vida agarrada à heroína e à cocaína. Foi-me contando a sua vida, de dificuldade e tormento, levantou-se depois a correr para ir comprar um gelado, mais tarde dois rissóis de peixe a cinquenta cêntimos cada um, a uma cabo-verdiana que subia a rua.
No final do dia olhei para a frase escrita numa das paredes na associação do bairro:

Minha aldeia é todo o mundo
Todo o mundo me pertence
Aqui me encontro e confundo
Com gente de todo o mundo
Que a todo mundo pertence.

António Gedeão

Cova da Moura. 
I did this drawing sitting on a step entrance to a house, one of those built without order and painted in bright colors, lovely as the people who crossed us during the afternoon. Did it always with the company of Amelia, a 45 years old ex-addict , now in methadone treatment, after clinging to life heroin and cocaine. She told me her life of hardship and torment, get up running to go buy an ice cream, then two fish patties at fifty cents each, bought to a Cape Verdean woman on the street. 
At the end of the day I looked at the writing on the neighborhood association wall:

My village is all the world
All the worls belongs to me
Here I found myself and get confused
With people from around the world
That everyone belongs.

António Gedeão



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