03/10/2017

Urumo

Já seguia os desenhos do Urumo há mais de três anos, siderado pela forma como desenhava e escrevia de uma forma tão poética. Nunca o tinha conhecido pessoalmente. 
Ainda não eram oito da manhã e já estava no aeroporto à sua espera, como não o saberia reconhecer, escrevi num papel "Urumo", o pseudónimo do Alfredo Ugarte. Com esta folha presa nas mãos, encostado à barra de ferro, também eu parecia um agente de turismo, à espera de gente carregada de malas. Mal saberia eu que também o Urumo faria a sua estreia em Lisboa.

Virou aquela esquina e leu o seu nome, sorridente. Saímos dali e fomos directos ao Jardim das Amoreiras, deixar as suas coisas. Tomámos pequeno almoço no Rato, e imediatamente pedi para ver os seus cadernos. Enquanto os folheava, de olhos a brilhar, perguntei-lhe, curioso, porque tinha esse nome "Urumo". Disse-me que era um nome que tinha surgido de um sonho, há muitos anos atrás. E dali percebi que os seus desenhos tinham tanto de real como imaginário. Que surpresa!

No Sábado seguinte orientou uma oficina de desenho incrível, sempre focado em cada um, procurando dar atenção individual a um grupo de quase 30 pessoas. A seguir ao almoço falou dos seus desenhos, do seu percurso e da sua vida, num momento que emocionou todos os que o escutavam. No final, a mesma humildade com que se apresentou transformou-se em energia, positiva, aposto que todos o sentiram como eu.

Ainda nesse Sábado fomos jantar ao Cais do Sodré, eu cansado, ele exausto, mas de certeza contente por aquele dia. O desenho foi tirado a ferros, que não me apetecia desenhar. Ganhou a regra que tento seguir tantas vezes: existem pessoas que tenho mesmo que roubar para o meu caderno...

Obrigado Urumo, quando voltas a Lisboa?

I had been following Urumo drawings  for more than three years, fascinated by the way he draw and wrote in such a poetic way. I had never met him in person.
It was not yet eight in the morning and I was already at the airport waiting for him, as because I had no idea about his face, I wrote Alfredo Ugarte pseudonym "Urumo". With this paper in my hands, leaning against the iron bar, I also looked like a tourist agent, waiting for people loaded with suitcases. I should hardly have known that Urumo would do his debut in Lisbon.

He turned that corner and read his name, smiling. We left and went to Jardim das Amoreiras, to leave his things. We had breakfast at Rato, and immediately asked to see his sketchbooks. As I leafed through them, my eyes sparkling, I asked him curiously, the reason why he had that name "Urumo." He told me it was a name that come from a dream, many years ago. And from there I realized that his drawings were both real and imaginary. What a surprise!

The following Saturday he oriented an incredible workshop, always focused on each one, seeking to give individual attention to a group of almost 30 people. After lunch he talked about his drawings, his route and his life, in a moment that touch all those who listened to him. In the end, the same humbleness with which he introduced himself turned into energy, positive, I bet everyone felt the same as me.

Still on this Saturday we went to dinner at Cais do Sodré, I was tired, he was exhausted, but certainly happy for that day. Starting that drawing was difficult, I was not in the mood to draw. The rule that I try to follow so many times won: there are people that I have to steal for my sketchbook ...

Thank you, Urumo, when are coming back  to Lisbon?



2 comentários:

  1. Bela história por detrás do desenho. Não há desenho sem história ou história sem desenho. Ele tem desenhos fabulosos e poéticos.

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  2. Inesquecível, Lisboa e seu povo. Muito obrigado Nelson.

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